sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Os benefícios do parto vaginal

Sabemos hoje que a Organização Mundial da Saúde recomenda o parto vaginal. Por quê?

Em primeiro lugar, porque dessa forma a natureza segue seu curso, permitindo que a criança nasça quando deve nascer, quando está pronta emocional e corporalmente.
Além disso, os hormônios produzidos durante o trabalho de parto permitem uma maior vinculação entre mãe-bebê. A produção deles reduz a chance de a mãe ter uma depressão pós-parto. A ocitocina, resposável pelas contrações, é considerada o hormônio do amor, o que faz a mãe se vincular melhor a seu filho e produzir leite, o que acontece imediatamente, porque depois de uma quantidade alta de ocitocina, temos a produção de prolactina.
Em segundo lugar, porque, dessa forma respeitamos o nosso corpo, o bebê e evitamos maior tempo no hospital, cortes profundos, dores pós-partos e diminuimos a chance de nosso bebê ter de ficar em uma UTI, em uma incubadora, privado do contato com a mãe. E dessa forma evitamos sofrimentos para nós. Por mais que a ecografia possa nos dar o tempo de gestação, este tempo não é certo, é uma estimativa.  Por isso, fazer uma cesárea eletiva, sem esperar o momento certo do bebê nascer, pode fazer com que o bebê nasça muito antes do tempo e dessa forma, seu corpo, seus pulmões, especialmente, ainda não se desenvolveram como deveriam e a chance de haver problemas futuros ou imediatos é muito maior. Hoje, vemos muitos jovens com renites, sinusites, asma, bronquite. E sabemos que a cesárea já é campeã nos hospitais particulares do Brasil, a cesárea chega a 90% dos partos realizados. (Conforme o Ministério da Saúde, o recomendado pela OMS é uma taxa não superior a 15%) . Devemos nos perguntar se não há uma ligação entre essas doenças crônicas e essa quantidade enorme de cesáreas, que só vem aumentando  desde que essa possibilidade existe no Brasil. Michel Odent, obstetra francês precursor das casas de parto, fala sobre essa relação na obra "A Cesariana". 
Em terceiro lugar, o parto normal tem menos complicações, visto que não é uma cirurgia, então o risco de infecções é bem menor. O útero volta ao tamanho normal mais rapidamente, em função das contrações produzidas, de deixarmos que toda a fisiologia do parto aconteça. Além disso, em 24 horas a mãe já pode sair do hospital e cuidar do seu bebê, além de poder segurá-lo em seguida. O que não acontece em uma cesárea, na qual a mãe precisa de repouso, porque realizou um corte profundo no abdome.
Além disso, na cesárea, o bebê também recebe a anestesia e todos os medicamentos que são dados à mãe. Não sabemos de que forma isso afeta o bebê, mas certamente são medicamentos muito fortes para um recém-nascido. Por isso, muitos bebês nascem com sono, não ativos e sentem mais dificuldade de pegar o seio da mãe, por estarem sob efeito da anestesia. No parto vaginal e sem intervenções o bebê nasce ativo e vigoroso, pronto para estabelecer um contato olho no olho com sua mãe e seu pai, ouvi-los e se comunicar com eles. Nada melhor do que estabelecer esse tipo de contato com nossos filhos, nada melhor do que mãe e filho estarem prontos um para o outro, se isso pode ser feito. A Cesárea, que devia ser aplicada em 10% dos partos por haver realmente riscos para mãe ou para o bebê, vem sendo usada de modo inconsciente e por uma grande maioria de mulheres que agem mais por medo e falta de informação. Vamos começar a conhecer outros caminhos, outros recursos para que haja um parto mais feliz, mais consciente!
No link do site Amigas do Parto há as recomendações da Organização Mundial da Saúde no atendimento ao parto normal. Vale a pena dar uma olhada!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O que aprendemos sobre o parto.



Quando descobri o parto humanizado, foi como um reencontro com as minhas crenças. Conhecer aquelas mulheres que puderam fazer escolhas diferentes das que temos comumente no Brasil para o nascimento de seus bebês tocaram meu coração e veio ao encontro do entendimento que já existia dentro de mim: parto é algo natural, do feminino e uma experiência simplesmente única, maravilhosa e empoderadora. Um aprendizado muito diferente do que temos hoje no mundo e, especialmente, no Brasil.
Aprendemos, desde pequena, que parto é algo difícil, complicado, doloroso, demorado e muitas vezes perigoso. Tanto que, quando queremos dizer que algo foi complicado, dizemos: "foi um parto!"  Desse modo, criamos medos e mitos. E muitas mulheres, inclusive, não podem ver a cena de uma mulher parir, algo que deveria ser natural, que faz parte de ser mulher, do feminino.
No colégio, quando minhas amigas e eu falávamos sobre esse assunto, todas queriam fazer cesárea, tinham medo da dor, achavam muito estranho parir e não entendiam  como podia sair um bebê daquele tamanho por um buraco tão pequeno. E eu ficava pensando, mas por que não? Afinal, não temos capacidade para isso?
Somos fêmeas, e como todas as fêmeas mamíferas temos a capacidade de gerar e trazer a nossa espécie ao mundo. Está em nossas mãos a responsabilidade de perpetuar a espécie, de cuidar dela durante nove meses e trazê-la ao mundo. Obviamente, naquela época de pré-adolescente não tinha toda essa consciência, mas entendia que parto deveria ser normal e cesárea uma ocorrência emergencial,  um caso especial. Mal sabia eu, naqueles tempos, que o paradigma já era outro, e eu estaria sendo bastante  diferente com esses meus pensamentos. Porque a partir do avanço tecnológico e da medicina, fomos aprendendo que a mulher não tem condições de parir seus bebês e que precisa de alguém que o faça, dizendo inclusive qual a melhor posição, o que ela deve fazer naquelas horas. Surge, então, a figura do médico obstetra, que foi tomando conta de um cenário essencialmente feminino e tornando-se a personagem principal.
A maioria das minhas colegas tinha a mesma história de nascimento que eu: nasceu de cesariana. E naquela época não conseguia perceber as coincidências contidas naquelas histórias: pouca dilatação, soro, medicalização, mulheres sem familiares por perto, desassistidas, diversas intervenções, alienadas do saber de seu corpo, angustiadas com todas aquelas alterações corporais e emocionais que os hormônios produzem, com medo do que poderia acontecer e sua única alternativa era confiar naquele que ia "fazer" seu parto e que  parecia ser o único a saber o que deveria ser feito. Então, depois de 12 horas de trabalho de parto "sem sucesso"... Cesárea. As histórias se repetiam, e produzimos um novo paradigma: mulheres são incapazes de ter seus bebês sem intervenções. Assim, práticas para casos de emergência tornaram-se práticas de rotina. E, nos tornamos mulheres desempoderadas e alienadas do nosso saber corporal, transferimos todo o conhecimento de nosso corpo para um saber médico que, então, tornou-se o responsável pela perpetuação da espécie, o protagonista da história. Esse pensamento faz parte de uma cultura extremamente controladora, descrente, tecnocrática, patriarcal e fragmentada; que vê o homem separado da natureza, e esta apenas como um recurso para seu bem-estar. Assim, desde o momento do nascimento experenciamos uma vida desconectada. E isso se reflete ao longo de nosso caminho pela Terra.
Portanto, mudar a forma como o ser humano nasce, é mudar nosso paradigma, é mudar esse aprendizado, é acabar com o medo. E é procurar uma forma mais humana de entrar e estar no mundo. Por que não podemos ter no momento do parto um aconchego, um carinho, um acolhimento? É disso essencialmente que um bebê, uma mãe e um pai precisam.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Recuperando a posição vertical

Esse é um vídeo da Fundação Parto Humanizado do Equador. Ele mostra  alguns exercícios que as mulheres, juntamente com seus companheiros, podem realizar para ter tranquilidade, confiança e entrega no momento do trabalho de parto. E mostra principalmente os benefícios do parto vertical, no qual as mulheres são livres para escolher as posições mais confortáveis e eficazes para trazer seus bebês ao mundo. Vale a pena assistir!